
Por que sairíamos?
Despojado de sutis complicações, quem poderia olhar o sol senão com temor? Este é o nosso refúgio contra a contemplação, nosso único refúgio contra o simples e o claro.
Quem iria sair rastejando de sob o obscuro para ficar indefeso no ar ensolarado?
Não há terror da obliquidade tão certo quanto o mais notável terror da desesperança de saber como é simples a nossa mais profunda necessidade, como é intensa, e como é impossível satisfazê-la.
A ironia da condição do homem está em que a mais profunda necessidade é livrar-se da angústia da morte e do aniquilamento; mas é a própria vida que a desperta e, por isso, temos que nos recusar a ser plenamente vivos.
O que significaria exatamente, neste terra, ser inteiramente destituído de repressão, viver em plena liberdade física e psíquica? Só pode significar renascer para a loucura, sem os traços de caráter que ocultam essa psicose secreta.
Despojado de suas complicações, [isto é, de todas as defesas do caráter -- repressão, negação, percepção errônea da realidade] quem poderia olhar o sol senão com temor?
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