26 de dez. de 2009

Amadurecer

Na época em que a criança se torna um adulto, a procura inverti­da de uma existência pessoal através da perversão se instala em um mol­de individual e se torna mais secreta.

Tem de ser secreta, porque a comunidade não irá tolerar a tentativa das pessoas de se individualiza­rem por completo. Se for haver uma vitória sobre a deficiência e a limitação humanas, terá que ser um projeto social, e não individual. A sociedade quer que caiba a ela a decisão de como as pessoas irão transcender a morte; só irá tolerar o projeto ‘causa sui’ se ele se encai­xar no projeto social padrão. Caso contrário, haverá o alarma de "Anarquia!"

Este é um dos motivos para a existência de intolerância e censura, sob todos os modos, com relação à moralidade pessoal: as pessoas temem que a moralidade padrão vá ser solapada - outra ma­neira de dizer que temem já não poderem mais controlar a vida e a morte.

Diz-se que uma pessoa foi "socializada" precisamente quando aceita sublimar o caráter corporal-sexual de sua infância. Esses eufemismos significam, em geral, que a pessoa aceita traba­lhar no sentido de se tornar pai de si mesma ao abandonar seu projeto e entregá-los aos Pais.

O complexo de castração faz seu trabalho, e a pessoa se submete à realidade social; pode agora reduzir seus desejos e reivindicações e atuar com segurança no mundo dos poderosos adultos. Pode até doar seu corpo à tribo, ao Estado, ao mágico e protetor guarda-chuva dos adultos e seus símbolos; assim, seu corpo não será mais uma perigosa negação para essa pessoa.

Não existe diferença real entre uma impossibilidade infantil e uma impossibilidade adulta: a única coisa que a pessoa consegue é um auto-engano aprendido pela prática – aquilo que chamamos de um caráter adulto.

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