21 de ago. de 2009

Artimanha

Há basicamente duas concepções sobre trapacear. Uma delas assume que as pessoas são fundamentalmente desonestas e buscam continuamente oportunidades para trapacear, baseado numa análise de custo-benefício da ação.

A segunda possibilidade nos diz que as pessoas são basicamente honestas, mas circunstâncias tentadores fazem-nas trapacear: "emprestam" uma caneta numa conferência, reportam um almoço de negócios com a namorada.

Qual tipo prevalece e o que os motiva?

Experimentos controlados mostram que as pessoas trapaceiam ligeiramente sempre que podem. Curiosamente o risco de serem pegas não influencia tanto a tendência de trapacear quanto lembrá-las, logo de início, de seus códigos morais. Algo como começar assinando e depois preencher uma declaração de condições de saúde para um plano médico. Isso diminui consideravelmente a disposição para trapacear.

Finalmente, temos uma incrível capacidade de racionalizar nossa desonestidade e justificar o que fizemos em casos onde o benefício está indiretamente ligado a dinheiro vivo.

Ou seja, as trocas não-monetárias parecem dar uma folga psicológica maior para, por exemplo, conseguirmos burlar documentos e fazer acordos pessoais suspeitos.

E o que acontece quando pessoas colaboram num trabalho em grupo? Será que times autônomos são mais éticos que pessoas agindo individualmente? Infelizmente os experimentos mostram que os grupos se comportam de maneira ainda mais leviana, especialmente se percebem que qualquer trapaça individual vai trazer ganhos para todos e se isso for visível para o grupo. É como se trapacear fosse contagioso...

Embora grupos de trabalho tenham muitas vantagens do ponto de vista social e funcional, eles são mais vulneráveis a condutas pouco éticas, principalmente se forem grupos com pouca supervisão.

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