25 de jul. de 2009

Fantasias

É muito comum meninos novos construirem imaginariamente uma outra família para si. Isso acontece quando eles descobrem que seus pais não são tão poderosos como imaginado, que eles têm falhas em sua potência. Daí, imaginam seus pais como reis e rainhas poderosos. Logo depois essa fantasia se modifica e ele se imagina como filho de outro homem poderoso, mas mantendo a sua mãe original.

Suas fantasias passam a ligar esses dois personagens pelo resto da vida, e podem explicar os estranhos desejos, às vezes incompreensíveis para as mulheres: as fantasias masculinas onde eles oferecem suas mulheres para outros homens. Essas fantasias estão unindo a mulher, no papel de mãe, à outro macho mais poderoso, no papel de substituto do pai.

Essa fantasia, embora pareça terrível é muito mais razoável que o avesso dela, representada pelo homem ciumento que não suporta pensar em sua mulher sendo cortejada por outros homens mais fortes. Enquanto o primeiro faz uma festa com essa fantasia, o segundo sofre crises que podem levar à sua própria aniquilação.

Isso é realmente fantástico, quando descobrimos lugares onde a fantasia torna-se realidade com homens oferecendo explicitamente suas mulheres a outros homens, primeiro visualmente, depois fisicamente, mas considerando sempre a si próprios como controladores da situação. Isto não está ligado a práticas de swing, pois não há troca de parceiros, mas sim a exibição de uma ligação entre um macho beta que se coloca numa posição submissa em relação a outro macho alfa dominador.

Como fica então a ligação disso tudo com a questão da fidelidade? Será que ela é possível de existir se até em fantasias isso é colocado à prova?

Será que viver a dois é mais que um ideal de fidelidade, mas é um ideal de companheirismo, onde cada um concorda em prover ao outro meios para que ambos deem o máximo de si em suas vidas?

Se for assim, pode-se dizer que esse ideal de companheirismo é algo só moderno, pois antes do século XIX esse tipo de ligação entre os casais era inexistente. Os casais pouco se viam e pouco interagiam fora se suas obrigações domésticas.

Facilitar a vida um do outro, fazer as coisas juntos tornou-se o lado moderno dos relacionamentos. E fidelidade passa a ser: de “você não pode me trair” para “você não pode se trair”.

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