
Pense nos casos de heróis empresariais americanos: desde Bill Gates, Steve Jobs a Jack Welch. Existe entre nós correspondentes desses personagens sociais? Sim, há de fato por aqui homens que marcaram sua época e as empresas que fundaram, mas menos como modelos de ação ou inspiração e mais como ilustração da pessoa, de sua dimensão social e moral.
Ou seja, entre nós as realizações só importam quando legitimamos socialmente o modo como se deram e o contexto em que se deram. Compare por exemplo o nosso Barão de Mauá, um exemplo de empreendedor de sucesso mal visto em sua época pela sociedade brasileira pelo fato de ter enriquecido em demasia, com Assis Chateaubriand dos Diários Associados -- alguém muito mais fascinante pelo modelo de relações sociais e políticas que estabeleceu, incluindo ações pouco éticas e estrondosas. Ele foi um homem temido e poderoso. Uma frase notável dele foi “Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei”.
Isso tudo para dizer que enquanto o modelo americano de herói se baseia no sujeito comum que individualmente supera o social e vence pelos méritos do trabalho, por aqui o valor dessa dimensão empresarial é balizada pelo comportamento moral, social e político em proporção muito maior do que lá. Para nós, as relações sociais têm mais valor que os indivíduos que compõe a sociedade.
O Brasil é uma sociedade semitradicional, que conjuga uma visão do mundo hieráquica e tradicional com outra igualitária e individualista. Portanto, o modelo de herói americano autêntico dificilmente terá o mesmo sucesso por aqui, só mesmo nos cinemas.
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