6 de jun. de 2008

Mantendo a espécie


Até hoje, foram os espíritos mais fortes e os espíritos mais malignos que obrigaram a humanidade a fazer mais progressos: inflamaram constantemente as paixões adormecidas, pois todas as sociedades policiadas as adormecem, eles despertaram constantemente o espírito de comparação e de contradição, o gosto pelo novo, pelo arriscado, pelo inexperimentado; obrigaram o homem a contrapor opiniões a opiniões, modelos a modelos.

Muitas das vezes pelas armas, derrubando os marcos fronteiriços, violando as crenças, mas também com novas religiões e novas morais. A "maldade" que se encontra em todos os professores do novo, em todos os pregadores de coisas novas, é a mesma que desacredita o conquistador do novo e em todas as circunstâncias é o mal, pois é aquilo que deseja conquistar, derrubar os marcos fronteiriços, abater as antigas crenças; somente o antigo é o bem!

Os homens de bem em todas as épocas, são aqueles que implantam profundamente as velhas idéias para lhes dar fruto, são os cultivadores do espírito. Mas todo o terreno acaba
por se esgotar, é preciso sempre que o arado do mal volte.

Existe agora uma teoria da moral, uma doutrina fundamentalmente errada: de acordo com ela os juízos de "bem" e "mal" exprimem um total de experiências relativas ao que é "oportuno", e ao que é "inoportuno"; que se chama "bem" ao que conserva a espécie, e "mal" àquilo que a prejudica. Todavia, os maus instintos são na realidade tão apropriados ao fim, tão úteis à conservação da espécie e tão indispensáveis quanto os bons: somente a sua função é diferente.

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