9 de mar. de 2008

Confiança




O egoísmo é a ferrugem da sociedade. E a confiança é seu lubrificante. A vida seria extremamente difícil se não pudéssemos confiar, dentro de limites, sobre outros fazendo o que eles dizem que farão. Mas a desconfiança por vezes existe na forma de abstenção de relacionamento ou na imposição de precauções contra incompetência ou oportunismo de terceiros.

Há, de fato, um número de razões pelas quais as pessoas deixam de tomar precauções:
- às vezes, o custo da precaução não vale a pena. Se tomar uma segunda opinião sobre o conserto do meu carro me obriga a viajar 50Km de taxi até encontrar outro mecânico, provavelmente não o farei.
- O ato de tomar precaução poderia passar informação relevante para oportunistas: tentar esconder freneticamente algo de valor pode acabar trazendo os vigaristas para si.
- A idéia de tomar precauções pode ser incompatível emocionalmente para os envolvidos. Tomar uma nota promissória para um empréstimo para sua mãe, em geral, não será bem visto.
- Posso ter um histórico com a outra pessoa que dispensa maiores precauções.
- Posso tentar induzir confiança mostrando que confio.

Pessoas são percebidas como confiáveis por várias razões. Vamos investigar quatro delas: comportamento passado, incentivos, convenções e sinais.
- comportamento passado diz respeito a manter promessas, não mentir, cuidar bem da propriedade alheia etc. Esse tipo de confiança requer tempo e pode ser transferida entre pessoas confiáveis entre si;
- incentivos tem a ver com mecanismos criados para favorecer o desenvolvimento da confiança. Pode ser desde um amparo legal para os acordos até premiações por honestidade.
- convenções tem a ver com aspectos das situações que implicam em confiança, dado o histórico, cultura e ambiente social. Por exemplo, taxistas percebem as mulheres, os idosos e os jovens como menos perigosos.
- sinais tem a ver com dinâmica do relacionamento, onde determinados comportamentos podem induzir confiança, ou não, Por exemplo, olhar diretamente para a base do nariz do interlocutor em geral desperta confiança.

Pessoas podem ainda confiar, ou não, em instituições públicas e privadas. A extensão da confiança num tribunal ou num banco depende de histórico, mas não há muitas medidas de precaução aqui: a única alternativa é manter-se distante deles, se não há confiança. Mesmo assim, determinadas situações implicam que tenhamos confiança em coisas e situações completamente novas. Nessas situações, analisar os incentivos das partes pode ser o melhor caminho para antecipar as traições.

Nenhum comentário: