15 de nov. de 2007

Tem razão


De tempos em tempos todos nós oscilamos entre dar maior importância para a razão ou para a emoção. Nos tempos mais antigos, o predomínio do sagrado sobre a existência humana era absoluto.

Imagine naquela época, pensemos em torno do século XVI, como deveria ser difícil raciocinar fora do sagrado: os textos cultos eram escritos em latim, pouco acessíveis, e tudo que desafiava o sagrado era imediatamente punido.

Nessa época, alguém teve a ousadia de publicar um texto em francês, numa linguagem acessível ao povo, conclamando que havia um privilégio de todos os homens dotados de um senso comum: o uso da razão. Esse uso viria a libertar a ação humana de qualquer dogmatismo, preparando a humanidade para uma revolução do homem sobre o místico.

Nada mais natural nos dias de hoje, mas o uso da razão era praticamente inexistente antes do século XVI. Os primeiros passos, que usamos até hoje, foram propostos por Descartes em seu Discurso do Método, onde ele propunha alguns princípios incrivelmente atuais até os dias de hoje.

Em tempos de dificuldade, vale a pena relembrá-los e apreciá-los em sua simplicidade e eficiência: (foram enunciados em 1637)
1- Não aceitar nada como verdadeiro sem antes ter passado pelo crivo da razão;
2- Tudo que parece complexo pode ser dividido em partes mais simples;
3- Essa parte simples devem ser ordenadas por complexidade, deixando as mais complexas para serem resolvidas no final;
4- Esse procedimento deve ser submetido a frequentes revisões, pois nada é definitivo.

Enquanto trabalhamos essas regras, ele propõe que nos guiemos por uma moral provisória, uma linha mestra de atuação:
1- Seguir as regra e costumes do local onde se está vivendo;
2- Ser resolutos e fortes nas ações, sem titubear;
3- Toda escolha deve ser feita dentre as possíveis, segundo tal o mundo se apresenta. (parece óbvio, mas essa é a regra que mais desrespeitamos...);
4- A moral implica numa escolha de vida: essa escolha é que deve guiar nossa dedicação, pois só faz sentido a busca da verdade àqueles que resolvem dedicar-se a ela. Aos restantes caberá aceitar as verdades dos outros ou ficar sem nenhuma verdade que os guie.

A leitura atenta desses princípios é importante porque, muito embora saibamos que o culto à emoção funciona como um freio à razão desmedida, é sempre o bom senso que nos leva aos maiores ganhos ao longo da vida.

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