"Nenhum homem é profeta em sua própria terra".
Enquanto há, naturalmente, casos de pessoas que se mostram resistentes em aceitar lições e ajuda de estranhos, tal resistência é ainda mais evidente, como regra geral, naqueles para quem uma inovação é proposta por um vizinho ou parente, inovação essa a qual ele próprio não foi capaz de descobrir.
Se um colega de trabalho, vizinho ou colega de escola aparece com uma invenção ou descoberta cujo valor e qualidade são inquestionáveis, isso vai causar em mim uma inveja maior do que se a idéia nova vier de um estranho: pois neste segundo caso sempre será possível que eu me console pensando que o estranho teve oportunidades e experiências anteriores as quais eu não tive acesso e que foram importantes na sua descoberta.
Sua superioridade não será tão esmagadora como será reconhecer a descoberta de alguém do meu círculo, que me fará pensar: "Por que eu não pensei nisso antes? Como ele conseguiu isso antes de mim?"
Dessa forma, há um fator universal de reprimenda local contra quem se faz desigual através de um feito intelectual: com isso não é difícil imaginar que há um incentivo para o elemento criativo deixar o lar e migrar, não por genuína vontade de aventura ou ganhos, mas em busca de locais estranhos onde possa haver uma aceitação de suas descobertas.
Se considerarmos que a inovação contribui para a evolução das culturas e civilizações e que a mobilidade horizontal é fundamental para a dispersão do conhecimento novo, então a troca de ambiente em busca de melhores condições de reconhecimento pode ter suas raízes numa estratégia de luta contra a inveja do grupo local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário