7 de out. de 2012

Graças a Deus e não a mais ninguém

As culturas precisam dar uma explicação para seus membros sobre os diferentes destinos de cada um. "Muitos dos que se envolveram em grandes campanhas perderam suas vidas, alguns retornaram repletos de riquezas e outros com nada além de cicatrizes".
Desta forma, o destino acaba sendo visto como uma parte de um todo com a qual cada um é atribuído.
A vida está repleta de eventos inesperados e assim como a pessoa aprende que cabe a ela uma porção da comida disponível, também aprende que cabe a ela uma porção dos eventos que ocorrem, sejam eles bons ou ruins.
A distribuição de porções é governada por alguma ordem: se alguém pega mais do que lhe é devido, algum castigo há de lhe ocorrer. E isso é mais facilmente aceito se esse distribuidor é visto como uma potência irrevogável, como numa monarquia ou num sistema de Deuses que não se personificam e que se traduzem para nós como uma loteria.
"Graças a Deus" é uma expressão que traduz a nossa preferência por benefícios que pouco provavelmente serão cobrados de nós futuramente, como seria mais provável se esses benefícios estivessem sendo controlados por uma personificação contábil que tentasse equalizar créditos e débitos.

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