
As invenções autênticas dos fundadores de religião são:
--Primeiramente, estabelecer um modo de vida e hábitos cotidianos determinados, que atuem como disciplina da vontade) e, ao mesmo tempo, eliminem o aborrecimento;
-- Em segundo lugar, oferecer a esta vida uma interpretação que glorifique esta regra como um objeto de mais alto preço e que dele faça um bem supremo pelo qual se possa combater e, se necessário, dar a vida.
Realmente, destas duas invenções, a segunda é a mais importante: a primeira, o gênero de vida, preexistia em geral ao regulamento, mas no meio de outros e sem conseqüências do valor que continha.
A importância e a originalidade do fundador de religião manifesta-se ordinariamente no fato de ele ver e escolher este gênero de existência, no fato de ser o primeiro a adivinhar aquilo que se pode fazer, e como se pode interpretá-lo.
Jesus (ou São Paulo), por exemplo: Jesus enxergou à sua volta a vida da gente humilde da província romana: interpretou-a, carregou-a, com um sentido e um valor supremos, e deu-lhe com isso coragem para desprezar qualquer outro gênero de existência, com a secreta e subterrânea confiança em si que incha incessantemente até estar pronto, um belo dia, a "vencer o mundo" (ou seja, Roma e as classes elevadas de todo o Império).
Buda, da mesma maneira, encontrou disseminada em todas as classes do seu povo, esta categoria de pessoas que são boas, benevolentes (sobretudo inofensivas) em razão de uma preguiça natural e, por preguiça também, vivem na abstinência, quase sem nenhuma necessidade. Compreendeu que esta espécie de pessoas cairia inevitavelmente, com toda a força da sua inércia, na crença que prometesse impedir a volta das misérias terrestres (isto é, do trabalho, da ação em geral); a compreensão deste fato foi o seu gênio.
Para fundar uma religião é necessário possuir uma infalibilidade psicológica que saiba detectar uma certa categoria média de almas que ainda não reconheceram seu parentesco. É o fundador de religião que as reúne; portanto, a fundação de uma religião torna-se sempre uma longa festa de "reconhecimento". (Gaia Ciência, #353)
--Primeiramente, estabelecer um modo de vida e hábitos cotidianos determinados, que atuem como disciplina da vontade) e, ao mesmo tempo, eliminem o aborrecimento;
-- Em segundo lugar, oferecer a esta vida uma interpretação que glorifique esta regra como um objeto de mais alto preço e que dele faça um bem supremo pelo qual se possa combater e, se necessário, dar a vida.
Realmente, destas duas invenções, a segunda é a mais importante: a primeira, o gênero de vida, preexistia em geral ao regulamento, mas no meio de outros e sem conseqüências do valor que continha.
A importância e a originalidade do fundador de religião manifesta-se ordinariamente no fato de ele ver e escolher este gênero de existência, no fato de ser o primeiro a adivinhar aquilo que se pode fazer, e como se pode interpretá-lo.
Jesus (ou São Paulo), por exemplo: Jesus enxergou à sua volta a vida da gente humilde da província romana: interpretou-a, carregou-a, com um sentido e um valor supremos, e deu-lhe com isso coragem para desprezar qualquer outro gênero de existência, com a secreta e subterrânea confiança em si que incha incessantemente até estar pronto, um belo dia, a "vencer o mundo" (ou seja, Roma e as classes elevadas de todo o Império).
Buda, da mesma maneira, encontrou disseminada em todas as classes do seu povo, esta categoria de pessoas que são boas, benevolentes (sobretudo inofensivas) em razão de uma preguiça natural e, por preguiça também, vivem na abstinência, quase sem nenhuma necessidade. Compreendeu que esta espécie de pessoas cairia inevitavelmente, com toda a força da sua inércia, na crença que prometesse impedir a volta das misérias terrestres (isto é, do trabalho, da ação em geral); a compreensão deste fato foi o seu gênio.
Para fundar uma religião é necessário possuir uma infalibilidade psicológica que saiba detectar uma certa categoria média de almas que ainda não reconheceram seu parentesco. É o fundador de religião que as reúne; portanto, a fundação de uma religião torna-se sempre uma longa festa de "reconhecimento". (Gaia Ciência, #353)