
A solidão é vista como um estado horrível, a ser evitado a todo custo. Por que nos sentimos tão mal quando estamos sozinhos, abandonados aos próprios recursos? Quando estamos desacompanhados, parece que alguma coisa nos falta. Não nos sentimos como criaturas completas, mas buscamos o acréscimo de algo que nos é exterior.
O mais comum é acharmos que a plenitude será alcançada pela aliança com outra pessoa, que deverá possuir as partes que faltam em nós. Ou a busca pode dar-se em um todo maior, alcançado através da meditação ou da associação com entes superiores.
Essa sensação de ser incompleto pode estar na raiz de nossa energia voltada para a ação, para assim estarmos em busca de uma solução para diminuir nosso desamparo. O fenômeno amoroso também vem para auxiliar na atenuação dessa sensação. Entretanto, as soluções amorosas reforçam que não sou mais que uma metade, e que a dor voltará assim que forem desfeitas as precárias alianças que nos unem a quem nos aconchega.
Desta forma, o amor pode ser encarado como um fenômeno que busca trazer-nos de volta a uma situação neutra, vindo de uma condição negativa. Ele se renova apenas quando se recriam as condições de desamparo, o que pode explicar porque somos tão fortemente influenciados pela instabilidade e pelos eternos ciclos de destruição e reconstrução amorosos.
Nesses desequilíbrios nota-se que tendemos a um novo enamoramento seja porque estamos tristes e pouco capazes de uma seleção mais rigorosa ou porque mudamos de condição e agora buscamos alguém que corresponda a um modo de ser mais sofisticado do que os existentes em relacionamentos anteriores.
Mas, de uma forma ou de outra, o encantamento amoroso tem um componente racional que escondemos pois preferimos falar em simplesmente viver a paixão. A admiração mútua, que só existe porque valores racionalmente identificados existem, vêm alimentar nossa vaidade e fazer de nós seres especiais, seres que conseguiram ser alvo do desejo de alguém que escolhemos como especial.
A vaidade acoplada ao enamoramento aumenta nosso desejo de exibir em público nossa conquista, mas também pode desmoronar uma relação tão logo se perceba que o parceiro não é aquilo que esperávamos, e uma série de problemas inesperados aparecem.
Para os casos em que o enamoramento é bem sucedido, ao estado de euforia inicial sucede-se outro, mais maduro, de paz e aconchego. Isso é que marca a transição da paixão para o amor. Infelizmente aprendemos a associar apenas grandes luzes e emoções ao amor, quando o importante é a sensação de harmonia e serenidade. O fato da sensação de harmonia não resultar em bons filmes de amor, que sempre preferem as grandes tragédias e instabilidades, não pode nos enganar a respeito do que é a conquista amorosa: a volta à paz original.
Para aqueles que não querem vivenciar este estado por considerá-lo monótono, resta a alternativa de sucessivas brigas, separações e reencontros. Isso só poderá ser resolvido se ambos desenvolverem o gosto por vivenciar algo sereno e estável, em linha com que a natureza nos reserva através das alterações hormonais da condição adulta.
Nesse ponto, precisaremos ser capazes de estabelecer relações de fato interpessoais, onde nossa empatia possibilita avaliar as situações com o modo de pensar do outro. Entender o sexo e a amor como fenômenos interpessoais não é tão natural assim. Boa parte do que fazemos em termos de sexo e amor é, na verdade, dirigido a si próprios. Não só no exato momento do gozo sexual, como nos momentos em que vemos o outro como escravos de nossas necessidade amorosas, estamos exercitando momentos egoístas do relacionamento, tentando diminuir a nossa dor do desamparo.
Dessa forma, só pode estabelecer relações interpessoais aqueles que não percebem os outros como remédio para seus males e desamparos, mas que se aceitam como indivíduos solitários em seu modo de pensar e ser. De outro modo, qualquer movimento meu ou do outro que esteja em desacordo com as expectativas faz surgir dolorosa decepção de que alguém se enganou e que a felicidade pode não mais existir.
O caminho da relação interpessoal deverá passar obrigatoriamente pela amizade. O fenômeno do amor romântico do século XVIII buscou a frágil fusão de metades e acabou por ignorar o importante papel que a verdadeira amizade trás para os relacionamentos a dois. E o século XX acirrou a disputa entre os sexos, dificultando ainda mais o estabelecimento de uma verdadeira amizade no casal.
A amizade, vista como uma adorável sensação de bem estar e prazer, que não pretende mais que a companhia, a troca de idéias, boas risadas e a vivência em comum contrasta muito com a disputa entre os sexos e a idéia de poder e do consumismo para formar os pares. A amizade não foca na disputa, nem da ocultação, nem no desamparo, nem no sacrifício.
O mais comum é acharmos que a plenitude será alcançada pela aliança com outra pessoa, que deverá possuir as partes que faltam em nós. Ou a busca pode dar-se em um todo maior, alcançado através da meditação ou da associação com entes superiores.
Essa sensação de ser incompleto pode estar na raiz de nossa energia voltada para a ação, para assim estarmos em busca de uma solução para diminuir nosso desamparo. O fenômeno amoroso também vem para auxiliar na atenuação dessa sensação. Entretanto, as soluções amorosas reforçam que não sou mais que uma metade, e que a dor voltará assim que forem desfeitas as precárias alianças que nos unem a quem nos aconchega.
Desta forma, o amor pode ser encarado como um fenômeno que busca trazer-nos de volta a uma situação neutra, vindo de uma condição negativa. Ele se renova apenas quando se recriam as condições de desamparo, o que pode explicar porque somos tão fortemente influenciados pela instabilidade e pelos eternos ciclos de destruição e reconstrução amorosos.
Nesses desequilíbrios nota-se que tendemos a um novo enamoramento seja porque estamos tristes e pouco capazes de uma seleção mais rigorosa ou porque mudamos de condição e agora buscamos alguém que corresponda a um modo de ser mais sofisticado do que os existentes em relacionamentos anteriores.
Mas, de uma forma ou de outra, o encantamento amoroso tem um componente racional que escondemos pois preferimos falar em simplesmente viver a paixão. A admiração mútua, que só existe porque valores racionalmente identificados existem, vêm alimentar nossa vaidade e fazer de nós seres especiais, seres que conseguiram ser alvo do desejo de alguém que escolhemos como especial.
A vaidade acoplada ao enamoramento aumenta nosso desejo de exibir em público nossa conquista, mas também pode desmoronar uma relação tão logo se perceba que o parceiro não é aquilo que esperávamos, e uma série de problemas inesperados aparecem.
Para os casos em que o enamoramento é bem sucedido, ao estado de euforia inicial sucede-se outro, mais maduro, de paz e aconchego. Isso é que marca a transição da paixão para o amor. Infelizmente aprendemos a associar apenas grandes luzes e emoções ao amor, quando o importante é a sensação de harmonia e serenidade. O fato da sensação de harmonia não resultar em bons filmes de amor, que sempre preferem as grandes tragédias e instabilidades, não pode nos enganar a respeito do que é a conquista amorosa: a volta à paz original.
Para aqueles que não querem vivenciar este estado por considerá-lo monótono, resta a alternativa de sucessivas brigas, separações e reencontros. Isso só poderá ser resolvido se ambos desenvolverem o gosto por vivenciar algo sereno e estável, em linha com que a natureza nos reserva através das alterações hormonais da condição adulta.
Nesse ponto, precisaremos ser capazes de estabelecer relações de fato interpessoais, onde nossa empatia possibilita avaliar as situações com o modo de pensar do outro. Entender o sexo e a amor como fenômenos interpessoais não é tão natural assim. Boa parte do que fazemos em termos de sexo e amor é, na verdade, dirigido a si próprios. Não só no exato momento do gozo sexual, como nos momentos em que vemos o outro como escravos de nossas necessidade amorosas, estamos exercitando momentos egoístas do relacionamento, tentando diminuir a nossa dor do desamparo.
Dessa forma, só pode estabelecer relações interpessoais aqueles que não percebem os outros como remédio para seus males e desamparos, mas que se aceitam como indivíduos solitários em seu modo de pensar e ser. De outro modo, qualquer movimento meu ou do outro que esteja em desacordo com as expectativas faz surgir dolorosa decepção de que alguém se enganou e que a felicidade pode não mais existir.
O caminho da relação interpessoal deverá passar obrigatoriamente pela amizade. O fenômeno do amor romântico do século XVIII buscou a frágil fusão de metades e acabou por ignorar o importante papel que a verdadeira amizade trás para os relacionamentos a dois. E o século XX acirrou a disputa entre os sexos, dificultando ainda mais o estabelecimento de uma verdadeira amizade no casal.
A amizade, vista como uma adorável sensação de bem estar e prazer, que não pretende mais que a companhia, a troca de idéias, boas risadas e a vivência em comum contrasta muito com a disputa entre os sexos e a idéia de poder e do consumismo para formar os pares. A amizade não foca na disputa, nem da ocultação, nem no desamparo, nem no sacrifício.
A afinidade na forma de pensar é o que há de mais essencial nas amizades, o que é diferente da busca pelos complementos, típico das paixões. A afinidade constrói uma ponte entre dois solitários, dando a sensação de entender e ser entendido. Se o amor estabelece um aconchego físico, a amizade estabelece um aconchego mais sofisticado, mais intelectual.
Nas amizades, as trocas são mais sinceras e o outro é respeitado como indivíduo, não existindo a idéia de que ele nos salvará de dores e desesperos. Ambos têm vida própria e são respeitados como tal. É outro indivíduo, e não parte nossa. Ao pensarmos nele como amigo, tentamos refletir sobre que desdobramentos as coisas terão na vida dele.
No amor, como não existe um outro indivíduo mas apenas parte de nós aqui e alí, pensamos antes nas atitudes dele e nos desdobramentos delas em nós – acabando por mostrar que interesses e necessidades individuais se escondem por trás de todas as atitudes e belas palavras.
Como já nascemos viciados em amor, fica difícil imaginar um caminho de união que passe pela evolução de uma amizade. Mas essa pode ser a solução para atenuar os mecanismos de dominação do amor, que muitas vezes não levam à salvação através do outro, que é também um perdido e desamparado como eu.
Um comentário:
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