
Esses assuntos interculturais sempre despertam interesse porque são como um pano de fundo nesse encaixe de peças comportamentais do dia-a-dia, além de ser uma forma de valorizar o que cada um tem de particular, ao invés de apenas criticar o que falta.
Para os que estão submetidos a um ambiente organizacional, como eu, sempre é curioso pensar em como as técnicas norte americanas de administração, impostas a nós por diversos cursos e literaturas dos MBAs, podem às vezes estar tão fora de foco com relação ao que somos. Literalmente desprezam características latinas, como se as diferenças entre nós fossem desconhecidas ou pouco importantes.
Por exemplo, pensemos em quantas vezes, diariamente, nos vemos envolvidos em processos decisórios fugindo completamente da cartilha estruturada dos livros de texto americanos. Isso acontece porque latinos manifestam, a seu modo, uma busca implacável de uma escolha própria, desafiando até uma tragédia para indicar o seu compromisso com a singularidade do indivíduo e sua defesa da honra. Um exemplo notável disso foi a escolha argentina pela guerra das Malvinas, numa clara demonstração de defesa da honra, mesmo que às custas de uma tragédia.
Para o latino, as concessões são desonrosas e as discórdias transformam-se rapidamente em tentativa de submissão e tirania.. Isso tudo vem da tradição mediterrânea de honra (amor-próprio) que desencoraja a conciliação. Dificilmente um país mediterrâneo será modelo de alguma inovação política, a menos de uma triste herança como o fascismo.
Se por um lado o americano tem uma predisposição pelo sincronismo e medição sequencial do tempo (“... tempo é dinheiro!”), mostrando uma atitude obcecada com objetos específicos, o latino prefere trabalhar com uma dispersão de objetivos e tempo compartilhado entre celebrações, almoços e trabalho. Enquanto o americano consegue individualizar o componente de uma equipe para avaliá-lo e individualizar o mal para satanizá-lo, o latino vê tudo como um rebanho, um caldeirão onde o respeito pela hierarquia e a submissão ao interesse maior de proteção do grupo pelo grupo dificulta a aplicação da maioria das técnicas de medição e incentivo individual.
Para os que estão submetidos a um ambiente organizacional, como eu, sempre é curioso pensar em como as técnicas norte americanas de administração, impostas a nós por diversos cursos e literaturas dos MBAs, podem às vezes estar tão fora de foco com relação ao que somos. Literalmente desprezam características latinas, como se as diferenças entre nós fossem desconhecidas ou pouco importantes.
Por exemplo, pensemos em quantas vezes, diariamente, nos vemos envolvidos em processos decisórios fugindo completamente da cartilha estruturada dos livros de texto americanos. Isso acontece porque latinos manifestam, a seu modo, uma busca implacável de uma escolha própria, desafiando até uma tragédia para indicar o seu compromisso com a singularidade do indivíduo e sua defesa da honra. Um exemplo notável disso foi a escolha argentina pela guerra das Malvinas, numa clara demonstração de defesa da honra, mesmo que às custas de uma tragédia.
Para o latino, as concessões são desonrosas e as discórdias transformam-se rapidamente em tentativa de submissão e tirania.. Isso tudo vem da tradição mediterrânea de honra (amor-próprio) que desencoraja a conciliação. Dificilmente um país mediterrâneo será modelo de alguma inovação política, a menos de uma triste herança como o fascismo.
Se por um lado o americano tem uma predisposição pelo sincronismo e medição sequencial do tempo (“... tempo é dinheiro!”), mostrando uma atitude obcecada com objetos específicos, o latino prefere trabalhar com uma dispersão de objetivos e tempo compartilhado entre celebrações, almoços e trabalho. Enquanto o americano consegue individualizar o componente de uma equipe para avaliá-lo e individualizar o mal para satanizá-lo, o latino vê tudo como um rebanho, um caldeirão onde o respeito pela hierarquia e a submissão ao interesse maior de proteção do grupo pelo grupo dificulta a aplicação da maioria das técnicas de medição e incentivo individual.
Quem leva isso ao extremo por aqui, acaba tendo de recuar, como nos mostrou o recente exemplo da Ambev, onde suas práticas americanas de incentivo acabaram por rachar o grupo, e agora já se fala numa maior “humanização” do trabalho.
Outro aspecto interessante foi o fato do protestantismo propiciar uma maior intelectualização pela Reforma, quando rejeitou a Escolástica e sua hierarquia medieval, que foram mais atuantes para os latinos. Enquanto que nas colônias inglesas a alfabetização foi muito maior por causa da leitura da bíblia, nos países ibéricos ficou patente o analfabetismo e o desprezo da nobreza pelo trabalho manual e intectual mais intenso, dando em troca mais destaque para a astúcia e espírito aventureiro visto na época das navegações.
E por fim, no caldeirão de culturas e raças de onde se construiu o brasileiro, características afro-indígenas permancem ativas e moldam nossa forma de ser. Entre essas características herdadas, as mais interessantes são:
- tendência ao esbanjamento e à falta de previsão;
- tendência de não valorizar a terra, nomadismo;
- acreditar na salvação por acaso, seja através das minas de ouro ou petróleo ou através do jogo;
- demonstrar amor pela ostentação;
- demonstrar desrespeito à lei;
- aceitar uma predominância do místico;
- ter uma atitude fatalista
A mistura de credos dos índios e negros influenciou nosso catolicismo, abrandando seu extremismo e afastando-o da prática puritana. O nosso catolicismo conforma-se com a impotência mesmo dos santos, tornando-os mais fraternais. A adversidade não cria um homem revoltado, mas capaz de uma dócil e amargurada submissão ao poder esmagador externo, confiante que seu momento de homem de glória um dia chegará, pela mão de um salvador.
Portanto, na próxima vez que pensar na mistura que resulta o gerente brasileiro, uma boa receita é: hierarquia + controles sobre o outro + laços pessoais + malandragem + aversão ao método. Isso é o nosso MBA.
Outro aspecto interessante foi o fato do protestantismo propiciar uma maior intelectualização pela Reforma, quando rejeitou a Escolástica e sua hierarquia medieval, que foram mais atuantes para os latinos. Enquanto que nas colônias inglesas a alfabetização foi muito maior por causa da leitura da bíblia, nos países ibéricos ficou patente o analfabetismo e o desprezo da nobreza pelo trabalho manual e intectual mais intenso, dando em troca mais destaque para a astúcia e espírito aventureiro visto na época das navegações.
E por fim, no caldeirão de culturas e raças de onde se construiu o brasileiro, características afro-indígenas permancem ativas e moldam nossa forma de ser. Entre essas características herdadas, as mais interessantes são:
- tendência ao esbanjamento e à falta de previsão;
- tendência de não valorizar a terra, nomadismo;
- acreditar na salvação por acaso, seja através das minas de ouro ou petróleo ou através do jogo;
- demonstrar amor pela ostentação;
- demonstrar desrespeito à lei;
- aceitar uma predominância do místico;
- ter uma atitude fatalista
A mistura de credos dos índios e negros influenciou nosso catolicismo, abrandando seu extremismo e afastando-o da prática puritana. O nosso catolicismo conforma-se com a impotência mesmo dos santos, tornando-os mais fraternais. A adversidade não cria um homem revoltado, mas capaz de uma dócil e amargurada submissão ao poder esmagador externo, confiante que seu momento de homem de glória um dia chegará, pela mão de um salvador.
Portanto, na próxima vez que pensar na mistura que resulta o gerente brasileiro, uma boa receita é: hierarquia + controles sobre o outro + laços pessoais + malandragem + aversão ao método. Isso é o nosso MBA.
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