25 de dez. de 2014

Esplêndida arte, ligações.

Ao tornar mais lento o decorrer da noite, ao dividi-la em partes ela soube transformar nosso curto espaço de tempo numa pequena arquitetura maravilhosa, como uma forma.

Imprimir forma a uma duração é uma exigência da beleza, mas também é da memória. Pois aquilo que não tem forma é inalcançável, imemorável.

Há um vínculo secreto entre a lentidão e a memória, entre a velocidade e o esquecimento. Imaginemos uma situação das mais comuns: um homem andando na rua. De repente, ele quer se lembrar de alguma coisa, mas a lembrança lhe escapa. Nesse momento, automaticamente, seus passos ficam mais lentos.
Ao contrário, quem está tentando esquecer um incidente penoso que acabou de viver sem querer acelera o passo, como se quisesse rapidamente se afastar daquilo que, no tempo, ainda está muito próximo de si.

Conceber esse encontro como uma forma foi algo muito precioso, visto que essa noite não deveria ter amanhã e só poderia se repetir na lembrança.

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