Alma gêmea parece mesmo uma palavra estranha. Conexões, e
não uma conexão em particular, é a palavra de ordem numa rede. E estamos nos
conectando com tecnologia e não exatamente com pessoas. E, afinal, ninguém pode
dar a atenção constante que a tecnologia pode. É um argumento imbatível.
Lembre que na vida real não temos tantos estímulos. Só
podemos conversar com um número limitado de pessoas num dia. Tecnologia, então,
seria a nossa nova alma gêmea, nos dizendo que nos entende, que estamos
conectados, que alguém se importa, que não estamos sós.
Mas será que em algum momento, como humanos, teremos
ainda que identificar a alma gêmea, ou duas ou três, pois o resto do mundo será
um amontoado de atenções mecânicas recheadas de infâmias, um milhão de corridas
para ganhar de outros nisso ou naquilo e com uma nova corrida começando assim
que outra termina?
Será que nessa busca constante por atenção e fama, será
preciso mais do que nunca encontrar alguém que não se importe se você está
vencendo, quantos seguidores você tem ou o que você disse online?
Por enquanto dizer alma gêmea para alguém não é em absoluto
a respeito de alguma relação real mas um simples desejo de que isso exista, de
que exista algum substrato real além da tela -- para nos alimentar independente
de quanta vida digital busquemos.
Talvez um dia a expressão alma gêmea, como amigo, seja
uma categoria a mais nas relações em rede e signifique nem mais ou nem menos
que isso. Um outro real.
(adaptado de The Boys King, K. Losse)
(adaptado de The Boys King, K. Losse)
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