24 de mar. de 2013

Pensamentos de Alice

Anos depois, um monte de coisa mudou e um monte de coisa insiste em não mudar.

Numa peça que a Marcela estava ensaiando eu ouvi um ator dizer: "Em tempo algum teve um caminho tranquilo no verdadeiro amor".

E o que é o verdadeiro amor?

É a primeira paixão ingênua, inconsequente,
        ou um amor louco sem limites, agressivo,
           talvez o romance maduro, profundo, delicado.

Será que o verdadeiro amor
não pode ser tudo isso ao mesmo tempo?

Aí, quem quer casar com a senhora baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha? Só agora entendi a peça.

Ética do útil ou dos princípios?

Uma das soluções éticas, introduzidas pelos ingleses, defende a importância das consequências dos nossos atos -- ao invés de guiar-se por princípios ou pela virtude. A ação correta seria aquela que maximiza o bem estar e a felicidade de todos.

Por esse princípio torturar alguém para obter informação que evite uma ação terrorista, por exemplo, é considerado eticamente correto, embora por princípio a tortura seja condenável.

Jeremy Benthan, um importante utilitarista inglês, defendia ações diretas ou regras que resultassem na maior intensidade, duração, proximidade, continuidade e pureza de felicidade para todos. Embora isso possa ser difícil de medir com exatidão, é uma forma atraente de se pensar.

Mas um desafio interessante foi criado por Bernard Willians, chamado de "Pedro e os nativos". Suponha que você encontre um oficial cruel que aprisionou 20 nativos que promete matá-los a menos que você mate um deles e então ele soltaria os outros 19. O que você faria? Em nome de libertar 19 você mataria alguém inocente?
Pela regra do utilitarismo acima, sim. Mas, isso implicaria responsabilizá-lo pelos atos errados de outros quando você deixa de fazer algo terrível para contê-los, ou quando você faz algo para ajudar -- como salvar a vida de alguém -- mas que depois eventualmente revela-se um serial killer. Má escolha?

Somos diariamente confrontados com situações que nos levam a agir por princípios (religiosos, familiares etc dos latinos) e por outro lado temos uma pressão utilitarista por resultados, claramente a forma inglesa e americana de pensar (como claramente modelado pelos MBA americanos).

Afinal, parece que agir por princípios funciona melhor nas pequenas coisas da vida pessoal e a política do utilitarismo é mais útil em grandes projetos públicos e privados, onde se avalia os resultados pela média, num prazo mais longo.