Essa eu devo a Brodsky, explicando Dostoiévski e as pessoas.
Existem, grosso modo, dois tipos de homem e de escritores. O primeiro tipo, sem dúvida a maioria, considera que a vida é a única realidade de que dispomos. Transformada em escritor, esta pessoa irá reproduzir esta realidade nos seus mais ínfimos detalhes. Chegar ao fim de seu livro é como chegar ao fim de um filme: as luzes se acendem e você sai para a rua admirando o desempenho dos artistas que depois você pode até tentar imitar os gestos e falas.
O segundo tipo, a minoria, percebe a sua própria vida, e a de qualquer outro, como um tubo de ensaio para certas coisas humanas. Ele não mostrará muito detalhe, mas vai descrever os estados e guinadas da psique de suas personagens com tal profundidade que você agradece por nunca tê-lo conhecido em pessoa. Fechar seu livro é como acordar de manhã com o rosto mudado.
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