10 de jun. de 2012

Serendipity




Serendipity, uma palavra inglesa pouco conhecida, abriga um histórico de significados que a tornam difícil de traduzir. Mais recentemente passou a ser associada a filmes de encontros amorosos com final feliz, ou lugares paradisíacos.

Originalmente a palavra foi cunhada por um escritor inglês chamado Horace Walpole, ao interpretar um conto infantil persa "Os três príncipes de Serendip".

Esta história conta as aventuras de três príncipes do Sri Lanka, que após terem recebido a melhor educação possível para sua época partiram em viagem e ao longo desta foram fazendo descobertas inesperadas, cujos resultados eles não estavam procurando realmente. Graças à capacidade deles de observação e sagacidade, descobriam “acidentalmente” a solução para dilemas impensados.

O que trás para a discussão até que ponto a criação pode ser favorecida por métodos a priori: não há dúvida que muitas descobertas científicas tidas como acidentais foram feitas em ambientes controlados -- mas não resta dúvida que permitir o acaso combinado com uma mente preparada e sagaz é um dos caminhos da criação.

2 de jun. de 2012

Dois Tipos



Essa eu devo a Brodsky, explicando Dostoiévski e as pessoas.

Existem, grosso modo, dois tipos de homem e de escritores. O primeiro tipo, sem dúvida a maioria, considera que a vida é a única realidade de que dispomos. Transformada em escritor, esta pessoa irá reproduzir esta realidade nos seus mais ínfimos detalhes. Chegar ao fim de seu livro é como chegar ao fim de um filme: as luzes se acendem e você sai para a rua admirando o desempenho dos artistas que depois você pode até tentar imitar os gestos e falas.

O segundo tipo, a minoria, percebe a sua própria vida, e a de qualquer outro, como um tubo de ensaio para certas coisas humanas. Ele não mostrará muito detalhe, mas vai descrever os estados e guinadas da psique de suas personagens com tal profundidade que você agradece por nunca tê-lo conhecido em pessoa. Fechar seu livro é como acordar de manhã com o rosto mudado.