
O masculino muda no tempo. Assim como o seu sofrimento, que após os movimentos feministas puderam ser desassociados dos sofrimentos da humanidade, como guerras, sub-empregos, pobreza, e passam a existir como sofrimentos do gênero masculino: medo, impotência, aposentadoria.
Mas enquanto a maior assertividade da mulher é positiva, a aproximação do homem de uma maior passividade é percebido como uma perda – a figura do homem atraente ficou entre James Bond que nunca criou filhos e o provedor ainda requisitado pelas mulheres.
Mas enquanto a maior assertividade da mulher é positiva, a aproximação do homem de uma maior passividade é percebido como uma perda – a figura do homem atraente ficou entre James Bond que nunca criou filhos e o provedor ainda requisitado pelas mulheres.
O sensível não é atraente e a interferência do homem no lar, reino da mulher, não é bem visto por elas. O modelo familiar estruturado após a era industrial ainda persiste em muitos aspectos, procurando dar um caminho a todos os casamentos. Senão, quantas mulheres acham natural um homem que goste de ficar com os filhos e que comande o lar?
Não. Este homem é um incômodo. É um homem que não sabe fazer as coisas direito, sob o ponto de vista das mulheres. Ele frustra as expectativas de ser provedor submisso e apenas colaborador, deixando-a livre para expandir-se.
Enquanto isso, homens continuam fingindo que são mais poderosos e potentes do que são, com seus carrões e conquistas substituindo muita falta de conversa e sinceridade sobre as coisas de homem, entre homens (algo além de política e futebol). Será que essa recusa de discussão é uma forma de tentar mostrar superioridade a elas? Ou ainda estamos na pré-história na tematização de nossos problemas?
Nisso foi sublime Fernando Pessoa, que tão bem soube captar o masculino em seu Poema em Linha Reta:
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
(...)
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
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