17 de nov. de 2013

Kitsch: você ainda vai ter um.

Muito antes do mercado de consumo, a estética tinha como referência a beleza e o equilíbrio. Com isso era possível conceituar o que deveria ser considerado arte em oposição ao que se poderia chamar de antiarte: o kitsch. Isso porque na sua banalização e reprodução, a obra de arte perderia a aura, isto é, perderia sua própria autenticidade.

Oriundo do verbo alemão kitschen/verkitschen (trapacear, vender alguma coisa em lugar de outra), o termo kitsch adquiriu o significado de falsificação a partir de 1860.

O termo kitsch é por vezes confundido com brega, mas esse não é necessariamente o caso. Entende-se que uma coisa é brega quando está relacionada ao mau gosto. Este conceito não se estende necessariamente ao kitsch. Mesmo que muitos atribuam ao kitsch o conceito de mau gosto, nem sempre esse mau gosto é evidente aos olhos do consumidor ou do indivíduo que faz uso do kitsch.

Um objeto é kitsch se ele é:
1) uma imitação (de uma obra de arte ou de um outro objeto);
2) um exagero (na linguagem visual ou na linguagem verbal);
3) uma ocupação do espaço errado (um carrinho de pedreiro usado como jardineira em um jardim);
4) uma perda da função original (uma garrafa de vinho usada como castiçal)

Assim, as regravações dos grandes sucessos de uma época com novas interpretações ou ritmos musicais são considerados kitsch assim como fusões de estilos, épocas e ritmos que, ao perderem suas características originais mediante fusões, contribuíram para constituir o kitsch.

Por meio de fatos ou acontecimentos notamos que a moda é kitsch quando ela tenta resgatar uma época ou um modismo que fez sucesso em determinado ano ou década. Os remakes cinematográficos, telenovelas e as regravações musicais são exemplos típicos do kitsch.

Compreender o kitsch é antes de tudo entender o tripé que o sustenta: indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa. Quando processada pela indústria cultural, a arte resulta num produto consumido pela sociedade de massa. Os meios de comunicação encarregam-se de passar a ideologia já filtrada pela indústria cultural para os seus receptores. Opera-se a transformação de  arquétipos em estereótipos por meio da repetição desses modelos até serem consumidos massivamente por você.

Seguir essas tendências é um sintoma de alienação; não segui-las também se torna alienante, pois poucos resistem ficar de fora. Dessa maneira, o kitsch pode ser considerado uma interferência cultural com finalidades comerciais: todos nós temos uma parcela kitsch, não adianta resistir.