
A risada já foi reprovada como algo vulgar porque quando se ri abre-se bem a boca, desnudando os dentes. É certo que, em sua origem, o riso encerra a alegria pela presa ou comida que parece segura.
Ao cair, o homem lembra o animal ao qual caçava e abatia. Todo o tombo que provoca o riso lembra o desamparo daquele que tombou; se se quisesse poderia tratá-lo como uma presa. Não se haveria de rir se, avançando-se nessa sequência de acontecimentos, efetivamente se incorporasse quem caiu. Ri-se em vez de comê-lo.
É a comida que nos escapa que estimula o riso -- esse súbito sentimento de superioridade, como já afirmou Hobbes. Os animais não riem, e nem tampouco renunciam a qualquer comida que esteja ao seu alcance, se de fato a desejam.