
O que realmente significa acreditar em algo? Como lidar com a dúvida, que sempre assolou até mesmo importantes figuras religiosas em sua fé? Será que os seguidores do comunismo realmente acreditavam que o partido não faria nada de errado ou eles foram condicionados a pensar assim? Como diferenciar o pessimista nato daquele administrador que age prudentemente como se o pior cenário fosse o real?
Na prática, acreditar em algo costuma ser menos rígido do que a palavra sugere. Eu acredito que amanhã vai chover, mas sei que posso estar errado: entretanto, eu sei que estou casado, além de acreditar nisso. Desta forma, saber é usualmente definido como uma crença justificada na verdade, através do corpo de evidências que o agente possui. Mas ainda resta sempre alguma incerteza, por menor que seja, sobre o que seja, de fato, a verdade localizada no mundo.
Isso nos leva a 4 distintas formas de cognição do mundo das alternativas de crença:
- a certeza;
- o risco, quando as possibilidades estão ligadas a probabilidades devido a eventos passados ou algum julgamento;
- incerteza, quando não é possível atribuir probabilidades às alternativas;
- ignorância, quando sequer as alternativas são conhecidas.
Desses modos, vamos comentar algo sobre os dois primeiros, mais comuns.
O primeiro ponto é a nossa tendência (América Latina) de sempre ter alguma opinião sobre as coisas, mesmo que sem base de informação para isso. Parece que admitir-se sem opinião iguala-se a algum tipo de fracasso. Outra falha é a de atribuir aos eventos alguma causa intencional de alguém ou alguma coisa, quando na verdade aquilo foi somente devido ao acaso. São coisas que levam à certeza desastrosa com pouco conhecimento, quando admitir a situação real de ignorância seria mais seguro para todos.
Outro ramo de problemas está ligado a erros na atribuição de probabilidades aos eventos de risco. Uma causa é o excesso de informação conflitante, que coloca um desafio de julgamento que poucas pessoas vencem. Ao confiar na intuição, acabam por concluir baseado em quadros de referência pouco racionais, adequados apenas para situações de emergência.
Em situações normais, a intuição acaba sendo enganada por fenômenos curiosos e muito frequentes. Um deles é a heurística de pensamento, onde fatos recentes e mais facilmente explicáveis ganham importância desmedida e levam a conclusões totalmente erradas.
Outro deles é a “pensamento mágico”, onde um forte desejo pelo fato impede a busca por mais evidências e acaba por tornar verdade na cabeça do agente algo que ele simplesmente deseja muito que seja assim.
Uma aplicação brilhante disso ocorreu no Calvinismo. Diferentemente dos católicos, que precisam conquistar o céu, os calvinistas tem seu destino predeterminado. Dado a crença dos calvinistas na predestinação, pareceria haver nenhuma razão para que eles não se deixassem levar por todo o tipo de prazer mundano. Entretanto, como observado por Weber, os calvinistas de fato adotaram um estilo de vida austera. A idéia dos calvinistas é que os eleitos seriam distinguidos pela sua vontade de vencer, o que tornou essa vontade (desejo de vencer) numa realidade de vida ascética.
Outro mecanismo, o de racionalização, atua para diminuir a dissonância entre o que pensamos e o que fazemos. Dessa forma, alguma ação já realizada por qualquer motivo induz a uma crença concordante, mas não autêntica. Outro linha de erro é a “auto-fraude”, quando nos convencemos de algo nitidamente falso: olho no espelho e não me vejo engordando; sinto mal estar mas não considero que esteja doente. Esse mecanismo de enganar, tão comum quando aplicados aos outros, também ocorre frequentemente com nós mesmos, levando a crenças totalmente distorcidas.
As crenças distorcidas são uma importante base de explicação para ações indevidas, sob o ponto de vistas da racionalidade. Uma vez que o agente esteja convencido de que sua crença está baseada em evidências bem suportadas pela suas buscas de informação, fica realmente difícil que ele perceba e corrija seus erros.
Outro deles é a “pensamento mágico”, onde um forte desejo pelo fato impede a busca por mais evidências e acaba por tornar verdade na cabeça do agente algo que ele simplesmente deseja muito que seja assim.
Uma aplicação brilhante disso ocorreu no Calvinismo. Diferentemente dos católicos, que precisam conquistar o céu, os calvinistas tem seu destino predeterminado. Dado a crença dos calvinistas na predestinação, pareceria haver nenhuma razão para que eles não se deixassem levar por todo o tipo de prazer mundano. Entretanto, como observado por Weber, os calvinistas de fato adotaram um estilo de vida austera. A idéia dos calvinistas é que os eleitos seriam distinguidos pela sua vontade de vencer, o que tornou essa vontade (desejo de vencer) numa realidade de vida ascética.
Outro mecanismo, o de racionalização, atua para diminuir a dissonância entre o que pensamos e o que fazemos. Dessa forma, alguma ação já realizada por qualquer motivo induz a uma crença concordante, mas não autêntica. Outro linha de erro é a “auto-fraude”, quando nos convencemos de algo nitidamente falso: olho no espelho e não me vejo engordando; sinto mal estar mas não considero que esteja doente. Esse mecanismo de enganar, tão comum quando aplicados aos outros, também ocorre frequentemente com nós mesmos, levando a crenças totalmente distorcidas.
As crenças distorcidas são uma importante base de explicação para ações indevidas, sob o ponto de vistas da racionalidade. Uma vez que o agente esteja convencido de que sua crença está baseada em evidências bem suportadas pela suas buscas de informação, fica realmente difícil que ele perceba e corrija seus erros.